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O problema nunca foi nossas escolhas e sim o que nos faz escolher. Consideramos de forma errônea que a mudança é agir de forma diferente. Acredito que mudar é algo que está dentro de nós, o que dá sentido às escolhas que fazemos.
Na minha carreira docente dou aula em uma disciplina que está nos primeiros anos dos cursos de graduação. Acompanho ano após ano um número significativo de acadêmicos que abandonam o curso nos primeiros meses ou anos de formação.
Lembro-me de um caso em especial, um aluno que fez durante quatro anos, os primeiros anos de quatro cursos diferentes. Ironicamente eu dava aula a todos eles. Vi este aluno entrar e sair desses cursos sem se formar em nenhum deles.
Perguntei a ele o porquê de mudar, ele afirmou que não tinha se encontrado em nenhum curso e que ainda iria fazer uma graduação em algo que ele gostasse. Ele considerava que nunca tinha feito a escolha certa. Será?
O problema do acadêmico indeciso não era não ter encontrado o curso que o realiza. O dilema estava na insatisfação com ele mesmo e com o que ele estava fazendo, por consequência. Conheci muitos que fizeram o que não escolheram e tiveram satisfação no que estavam fazendo.
A insatisfação reside mais no sentido que damos às coisas, no significado que a vida tem do que aquilo que escolhemos fazer. Por isso, muitos vivem mudando de lugar e não se encontram em lugar algum.
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