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Pode parecer desagradável dizer, mas “o mundo é dos interesseiros”. Coloque de uma vez por todas na sua cabeça que o que move as pessoas são seus interesses. Agir sem querer nada em troca e considerar que se faz por uma causa maior, é coisa de poucos. E a história está cheia de exemplos.
Vamos falar de Calabar, você conhece? Um senhor de engenho de origem miscigenada, pai português e mãe indígena, viveu na Capitania de Pernambuco, e no Século XVII lutou inicialmente contra a invasão holandesa no Brasil. Teve participação importante para refutar os “invasores” da Bahia e inicialmente em Pernambuco.
Contudo, em meio ao conflito, seu conhecimento das terras e das táticas de guerra aprendido com os indígenas, deu a ele um valor importante. Ao ponto em que resolveu mudar de lado e apoiar invasão holandesa no Brasil e colocar seus serviços na busca de fazer do Nordeste brasileiro a Nova Amsterdã, desejo da Companhia das Índias Ocidentais holandesas.
Em uma das batalhas, Domingos Fernandes Calabar foi capturado, inclusive com a destreza de outro mameluco, conhecedor da região, que se infiltrou em meio as tropas holandesas e facilitou a vitória e a prisão do chamado traidor. Calabar foi executado. Morto, teve seu corpo esquartejado.
Teria sido Calabar um traidor? A história ainda estuda e apresenta pontos de vista diferentes. Mas não se pode negar que Calabar agiu na busca de atender seus interesses. Pela sua lógica, colonizado por colonizado, dominado por dominado, preferiu fazer sua escolha.
Muitos fazemos escolhas. Para alguns pode parecer traição. Contudo, parte considerável das pessoas com quem nos relacionamos são movidas por interesses, tanto quanto nós. Quando pensamos na quantidade de seres que conhecemos, chamamos de amigos e juramos fidelidade, com quantos isso realmente é uma verdade?
Logo, a lição é simples. Há uma fidelidade plena com quem devemos uma convivência e uma dívida histórica. Há alianças ocasionais, carregadas de buscas de prestígio, sucesso e satisfação que se limitam ao momento, as coisas imediatas. Todos nós, como Calabar, podemos fazer nossas escolhas. E o resultado nos fará heróis ou bandidos, fiéis ou traidores.
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