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O inimigo íntimo

Nossa insegurança está fora de lugar!

Estamos sempre à procura de segurança. Queremos mais garantias de que não seremos molestados. Ficamos mais seguros quando é anunciado um maior número de policiais e viaturas nas ruas. Mas, isso significa segurança?

Onde está a verdadeira insegurança? Onde repousa os verdadeiros estímulos dos sentimentos que temos, o medo?

Será que corremos o risco maior com os inimigos externos ou internos? Será que o verdadeiro vilão vem de fora dos muros de nossa privacidade ou está entre nós, talvez nós mesmos?

Te convido a refletir sobre algo simples, mas que vale a pena pensar.

Tememos tanto a violência que é anunciada nos meios de comunicação com vídeos espetaculares. Temos inúmeros casos diários retratados por câmeras de vigilância, celulares, de ação de violência. O quanto esta violência anunciada é proporcionalmente um risco em comparação com aquela que é praticada cotidianamente.

Uma violência diária que está dentro de nossa casa, talvez em nosso trabalho, nas relações mais pessoais e profissionais. Onde elas não deveriam existir. Aquela agressão moral, o tratamento de preconceito ou desvalorização. O ato diário de desrespeito.

Muitos deles que sofremos e outros tantos que praticamos. Passam despercebidos ou camuflados por um silencio imposto de forma discreta e legitimado na intimidade dos relacionamentos. Talvez eles sejam o motivo dos nossos verdadeiros medos.

O inimigo íntimo

Se tememos a violência externa, o assaltante, o assassino e o estuprador; se erguemos o muro para nos livrarmos do incômodo inimigo que nos é “estranho”; como faremos com aquele que está ao nosso lado? Pior que isso, quando o agressor está diante do espelho? Temos dimensão dos atos que praticamos?

O conceito que temos da violência e sua proporção de risco são bastante distorcidos. Quase uma alucinação. Um exemplo de nossa visão curta e embaçada está na idolatria que fazemos aos aparatos que fazem a repressão.

Consideramos que eles são a resposta de nossos problemas e os colocamos como heróis. Achamos que exterminar o suposto “inimigo” no livrará de todos os males. Isso não vai ocorrer, ilusão.

Da mesma forma que a violência que se aprende no dia a dia, no lar, na vida doméstica, naturalizada pela constância e intensidade, a violência externa também educa a agressão. Aprendemos assim a atirar antes de perguntar. Rotulamos inimigos e prejulgamos. Nos esquecemos que somos e seremos prejulgados também.

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