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Onde está nossa maior ameaça? Para um grande pare das pessoas está do “portão para fora”. O inimigo espreita na rua e como um estranho nos inveja e se puder, nos agredi. Será que a ameaça é exclusivamente externa?
Nossas agressões mais profundas veem da vida íntima, o agressor mora embaixo do mesmo teto. Está mais próximo de nós do que imaginamos e nos pega de surpresa. A fragilidade está em nunca estarmos preparados para receber o golpe de quem nos é íntimo.
Se considerarmos a violência contra a mulher, adolescentes ou crianças, a grande maioria dos agressores são pessoas do círculo de vida pessoal, tem acesso a vida doméstica. Por isso, tem mais facilidade em atingir o seu objetivo de agressão, sabe que a vítima não espera.
O impressionante dos agressores domésticos é que se aproximam com gestos protetivos, de amizade e carinho. Eles se mostram cordiais na convivência, em seu início, e com o tempo vão expressando a agressão, gradativamente.
Não se pode generalizar, claro que não. Há no ambiente doméstico uma proteção. Em sua maioria vivemos com que nos ama e com que amamos. Há respeito. Mas isso é uma construção, algo que se percebe ao longo do tempo.
Mais que isso, a vida doméstica é o local onde o aprendizado e o caráter mais profundos se molda. Se compreende e interpreta a coerência e incoerência da vida. O lá fora ganha significado na vida doméstica, como também o inverso é verdadeiro.
Sempre é bom cuidar de nossas relações e cultuar o respeito em nossa intimidade. Ser para o outro na proporção que se deseja que seja para si. Na vida doméstica há um grande aprendizado e temos que fazer dela, um modelo, um abrigo e um lugar de preparação para a mudança tão necessária lá fora.
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