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Nossas heranças mal educadas

Há uma corrida aos supermercados para se fazer compras. Um desespero movido pelo temor da escassez que na cabeça alucinada de alguns pode ocorrer caso o coronavírus seja mais letal do que parece. Conhecendo a si mesmos e pensando no seu próprio comportamento como medida, os desperados consideram que o país vai viver um caos pelos maus hábitos da população.

Não temos uma higiene adequada e vamos permitir que o Covid-19 se alastre. Já fazemos isso com a dengue, ela se prolifera nos quintais e terrenos baldios por falta de cuidado. Neste caso, alguns dos nossos líderes acabam por expressar a falta de juízo da população. 

Ontem recebi imagens de supermercados lotados, prateleiras vazias, filas nos caixas, a população ensandecida a busca do último quinhão de alimento antes do fim do mundo. Fora isso a falta de álcool em gel e máscaras cirúrgicas. Lembrando que o preço destes produtos foram alterados de forma abusiva, o Procon comprovou isso.

A lógica da imbecilidade toma conta de uma parte da população. A falta de respeito aos outros se expressa no ato egoísta do “tudo para si” e no final nada para ninguém. Existe uma solidariedade no país, sim. Mas há uma população mediana fadada ao fracasso se continuar com a ação umbilical. O problema existe, mas ele deve ser respeitado e enfrentado de forma coerente e solidária. Permitir que todos tenham a oportunidade de sobreviver e não garantir a sobrevivência  de si diante da desgraça alheia. 

O que assistimos com esta corrida aos supermercados, com o fim do álcool em gel e máscaras estocadas de forma desnecessária já se traduz com a multiplicação dos casos de dengue e o descaso com a vacinação. A busca de resolver o meu problema mesmo estando em uma sociedade que dependemos dos outros. Esta cultura não é só nossa, outros a desenvolveram com a mesma intensidade. Este é o nosso maior problema e obstáculo diante dos desafios que sempre temos pela frente.

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