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Não há manual para a vida

Você tem a receita da felicidade, da satisfação, da realização? Me passa o passo a passo de como faço para alcançar o sucesso. Esta é a questão e os desejos de muitos. Uma fórmula mágica que redima todos os “erros” e nos faça ser o que nunca fomos ou o que sempre desejamos ser. Se você é um dos que está nesta busca, sinto lhe dizer, mas está atrás de algo que não existe. E ainda vai jogar muito dinheiro pelo ralo nesta busca.

Não existem respostas prontas. A vida não se resume em uma fórmula. Aquela bestialidade de repetir inumeras vezes a mesma coisa até que se convença disso é de uma irresponsabilidade absurda. O vilão é quem dá esta “dica” e orientação. A tal da hipnose deturpada que gera inúmeros adeptos que se jogam no desconhecido e se perdem acreditando que estão no caminho certo. 

A questão é simples, temos que aprimorar nossos conhecimentos e de forma racional compreendermos o contexto que vivemos. As coisas não são iguais para todos. O que temos e devemos refletir e sobre os problemas comuns. Contudo, sem esquecer de nossas particularidades. 

As pessoas atravessam angústias semelhantes, mas têm históricos diferentes e contextos distintos, isto tem que ser levado em conta. Quem não considera estas particularidades em suas análises e orientações, está vendendo mentiras ao apontar as falsas soluções. 

A resposta ainda está na sua base fundamental na máxima de Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”. E o caminho para isso é o questionamento, a reflexão, e não a afirmação. Na mesma lógica do pai da filosofia, pensar que o conhecimento, principalmente sobre nós mesmos, é um parto. Gera vida, mas é dolorido. 

Lamento na atualidade a busca por receitas prontas de como resolver a vida. Os títulos que estão abarrotando as prateleiras das livrarias como frases de efeito e discursos proféticos. Não por acaso, o charlatão religioso e o palestrante sensacionalista tem sempre um discurso muito próximo. Eles vendem uma mudança milagrosa sem ser, nem de perto, um santo para poder realizá-la. 

As pessoas estão esquecendo do poder de fazer da consciência uma aliada. A importância de buscar um conhecimento e refletir sobre sua condição e contexto. Entender limites e necessidades. Agir com direção e sentido. Mas, sempre lembrando, que para cada  a percepção sobre o ambiente muda. Ter claro que a história e valores de cada um de nós também são variáveis. 

Os outros podem até ser nossa medida. Contudo, a verdadeira régua que nos dá a dimensão do que somos tem medida própria. Nossa medida não serve para os outros, assim como, a deles não nos serve como critério de avaliação. Talvez de reflexão, apenas isso.

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