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Mulher sofre violência sutil e propagada

Mulheres são agredidas das mais diferentes formas. Tanto a descarada agressão física como a não menos dolorosa e sútil agressão moral, psicológica, passando pelo assédio. As mulheres pretas e pardas são as principais vítimas. Muito pela dependência financeira e pela condição de culto ao patriarcalismo que este país insiste em manter.

Contudo, já presenciei outras formas de violência contra mulheres de família com melhor renda e vítimas de um discurso aparentemente de valorização e inclusão. Afinal, o machismo também está presente por de trás de controle da vida e do destino das pessoas.

Como professor já presenciei inúmeras mulheres retomarem seus estudos depois de mais de uma década de um relacionamento em que elas ficaram em casa para “cuidar dos filhos”. Em sala de aula, em uma faculdade, demonstravam dificuldade com conteúdo do ensino médio. Já não recordavam de muito do que era ensinado, mas se sentiam felizes acreditavam que era o começo de uma nova vida.

Parte considerável destas alunas, que tentavam romper com a fachada de senhores casadas e “do lar” para assumirem o protagonismo de suas vidas e serem senhoras de seu destino, abandonavam os estudos e não conseguiam levar enfrente o projeto de emancipação. Ficava intrigado com a desistência. O que as impedia de lutarem pelos seus sonhos?

A conclusão era óbvia, elas tinham sido subsidiadas para a liberdade pelo mesmo ser humano que as oprimia. O seu ato de mudança era financiado pelo algoz. Elas estavam presas a dependência do mesmo tirano. Tudo não passava de uma sensação de liberdade exercitada para justificar a manutenção da prisão.

Mas, por que desistiam?

Quando o senhor de suas vidas se cansava e percebia que a concessão lhe trazia problemas de comportamento ele cortava o subsídio e dava ordem de retorno ao lar para manter a paz na família. Uma tirania que mantém muitas aceitando o inaceitável.

Porém, você pode se perguntar, se as pessoas aceitam esta forma de tratamento, se as pessoas se vendem por este preço, a culpa também é de quem aceita se submeter. Há um pacto entre o agressor e o agredido.

O que não pensamos é no ambiente que força estas mulheres a serem submissas em nome da paz. O sossego dos que se aproveitam desta forma de conduta. Há um preço a se pagar. Os que se beneficiam do comportamento de submissão fazem coro silencioso ao sofrimento do submisso.

Engraçado, há que considere a prisão uma escolha e aceite passivamente o preço de ser uma extensão de um homem autoritário, um objeto que se submete e rompe com o que deseja cumprir para manter os interesses do que lhe dizem amar. Hoje vivemos isso propagado.

Mulheres na condição de submissão gritam pela manutenção da família tradicional, pelos “bons costumes”, a chamada família cristã. O bom costume é prática da agressão que se cultua em benefício do machismo estrutural que atualmente virou apologia e se quer como o padrão de comportamento. No fundo, é uma demonstração de retrocesso.

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