Comentários
2 min
Minhas filhas não foram feitas para se casarem, minha mãe sim. Certa vez comentava com meus alunos que minhas filhas não sabiam fritar um ovo, ou cozinhar um arroz e feijão. Supunha, inclusive, que se deixasse um bife para ser frito por conta delas corria um sério risco de ver a casa em chamas. Já com a minha mãe a coisa é bem diferente.
Porém, vale lembrar, esta condição não denigre minhas filhas e nem faz a minha mãe um ideal de esposa como muitos falsos conservadores de hoje em dia querem. As minhas filhas têm um contexto de se transformar em uma pessoa independente e construir uma carreira profissional. Constituir uma família e ser uma senhora do lar não passa como prioridade para as adolescentes e jovens de hoje.
Com a mesma idade que minhas filhas têm hoje, minha mãe já tinha constituído sua família e realizado parte considerável de seu destino. Já, as mulheres com menos de 40 anos hoje ainda tem uma longa jornada pela frente e podem ter filhos mais tarde.
No Paraná, por exemplo, o número de mulheres com mais de 40 anos que deram à luz cresceu 49,3% em dez anos, são 5.196 nascimentos. As mulheres com gestação tardia já são mais de 102 mil, ou seja, mulheres com mais de 35 anos que ficam grávidas. Os dados são do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
Não pense que os números vão parar por aqui, este é um comportamento que tende a crescer. E isso é uma demonstração que a prioridade das mulheres não será mais viver para o marido e os filhos, mas tê-los como escolha e em uma condição que não prive sua liberdade de seguir uma carreira profissional ou mesmo de mudar de ambiente. Enfim, isto é uma expressão de liberdade.
Enfim, fico mais feliz com o que minhas filhas expressam em não saberem lavar, passar e cozinhar. Considero fundamental que a vida lhes dê escolhas e liberdade, isto é uma maneira de romper com a violência contra as mulheres.
Contudo, também espero, que saibam que a liberdade lhes dá a responsabilidade de administrar a vida e tê-la como uma consequência dos seus atos, colhendo os benefícios e assumindo os efeitos de suas escolhas.
Espero que o destino de minha mãe não se repita mais.
Comentários
2 min
Destaques
1 min