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Isolamento social e o estranhamento do dia a dia

Estamos vivendo algo novo. Tudo o que é novo causa estranhamento. Ficamos perdidos, em descompasso, até que as coisas se organizem e comecem a ficar no seu devido lugar. Esperamos que o mundo lá fora se abra para que possamos voltar a conviver com as outras pessoas fisicamente. Porém, não estamos deixando de conviver com elas com tantas ferramentas virtuais.

No incômoda a vida em casa, sem tanto movimento físico, mesmo que parte considerável de nós já tinha uma vida sedentária. Para quem não tinha o tédio aumenta. É necessário aprender a lidar. Saber saborear o tempo que temos ao lado das pessoas com quem vivemos todos os dias debaixo do mesmo teto. Engraçado é ter que aprender a conviver com quem a gente vive faz tempo. Mas é assim mesmo, conviver não é viver. 

As medidas tomadas pelos poderes públicos são necessárias. O isolamento é necessário. A vida necessita ser preservada e nesse momento tem um sacrifício de todos a ser feito. Vamos fazer. Ficar em casa não é opção e sim obrigação. Um compromisso com a coletividade da qual fazemos parte e não nos comprometemos muito. Agora, percebemos que fazemos parte dela e temos algo a cumprir em nome desta relação com os outros.

Isolamento social não é solidão e sim ato de solidariedade. E aqui não falo de “solidariedade” como um filantropia, uma colaboração de boa vontade. Falo da dependência objetiva que temos com a coletividade que pertencemos. Esta obrigação de agir pela cadeia de relações da qual fazemos parte. Isto é um fato e não uma forma de ver as coisas. Somos dependentes de muitos.

Por isso, mesmo no isolamento social você não está só. Faz parte de um movimento coletivo de preservação de todos com uma sensação vital e fatal de particularidade. Estamos condenados a nós mesmos em meio a tantos outros. Isto é se cada um em meio a necessidade vital da relação com todos.

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