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Manifestantes invadem a Igreja do Rosário em Curitiba e realizam protesto contra o preconceito racial e a violência no Brasil. Se o protesto é justo, por que na Igreja? Ela está associada de alguma forma a violência que os manifestantes querem refutar. Acredito que não.
Porém, há uma associação entre Igreja Católica e poder que remonta a formação da sociedade brasileira. Desde o processo colonizador efetuado pelos portugueses, a formação cristã se impôs e foi braço do estado na busca de garantir o controle sobre a sociedade e converter e arregimentar indígenas.
Mais que isso, o cristianismo católico imperou sobre o território sendo referência de autoridade e representando o Estado quando este não tinha uma instituição ou autoridade laica que o representasse. O chamado padroado fez da Igreja Católica uma extensão da monarquia no Brasil. Era o imperador o chefe da igreja e não o papa.
A Proclamação da República colocou fim a esta relação. A laicização das instituições públicas, como os cemitérios por exemplo, permitiu que a Igreja Católica se transformasse em uma instituição privada. Com regras próprias. Sem ter que ser vista como uma extensão do poder ou a sua ordem.
Talvez os manifestantes ainda associem a Igreja Católica ao poder e quiserem usar deste espaço como um protesto. Não ficou claro. Porém, se pensarmos que a invasão de um órgão público seria mais lógica para aqueles que desejavam fazer uma ação extrema associada a reivindicação. Não fizeram e acabaram comprometendo a legitimidade da luta pelo lugar onde foi feita. Como diz o ditado, “a coisa certa no lugar errado”.
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