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A economia mundial mudou. Não se pode ter a incerteza ou a certeza de qual o efeito isto gera para uma grande parte da população. Todos os dias estamos percebendo estes efeitos e o volume do que isso afeta no cotidiano das pessoas.
Inegável que na pilha de lixo produzida pela humanidade nas últimas três décadas está este ambiente de internacionalização de marcas e bens. Estamos consumindo intensamente tudo. Em larga escala, cada vez mais. Um se insaciável a busca de ter o que quer e se desfazer na mesma proporção e propulsão do desejo.
Já falamos de como o adulto mimado contemporâneo é um ser que jamais cessa e morre insatisfeito mesmo que empanturrado de tudo que desejou. Vale lembrar que satisfazer o desejo não é ter o que precisa. Quando mais buscamos a satisfação do desejo menos enxergamos o que necessitamos.
A necessidade que somo diante de nossos olhos está encoberta pela quantidade de desejos disponíveis. A superficialidade e imediatismo da vontade tende a descompensar nossa mente em uma reflexão mais ponderada sobre as consequências do ato. Não há tempo para pensar. Se tivesse, seríamos mais ponderados diante das vontades que nos cercam, das seduções que nos provocam e das escolhas que fazemos.
A própria dinâmica do que nos é oferecido não nos dá o tempo para pensar. Não podemos ter uma reflexão mais profunda quando estamos em um mar de superficialidade. Se nos erguermos perceberemos que estamos agindo com crianças em um lugar que mal bate em nossos joelhos quando estamos em pé. É adulto brincando em piscina de criança e pensando estar em um oceano.
Tudo parece tão acessível, disponível e próximo. Contudo, distante e complexo na produção. Porém que percebe e que se importa? Não há que se possa rugas com um mundo que na sensação cotidiana pouco exige de uma complexidade mental. Tudo se associa tão facilmente que gera a aparência de um resumo das coisas em coisa alguma. Nada é verdadeiro, mas tudo tem uma forma de aguçar os sentidos e se tornar realidade.
Como consideramos coisas banais como vitais. A importância efetiva do que é relevante parece desaparecer. As migalhas da formação humana se transformam pela estética com que é apresentada como de fundamental importância. Engraçado ver a mídia organizar programas e direcionar canais para temáticas agregadas, coadjuvantes, que agora estão no centro das atenções. De discos voadores a casais que tem 90 dias para casar. O ficcional e banal ganha conotação de importância científica e vital da vida.
O processo de internacionalização da economia não é um acaso, mas um desdobramento inteligente de uma economia que se fez eficiente para atender interesses necessários à sua permanência. Crises se superam com a inteligência produtiva. Isto que o capital soube e sabe fazer ao longo de sua permanência. Recriar mercados de consumo onde aparentemente já havia se esgotado a possibilidade de aquisição.
A infantilização dos seres humanos virou uma possibilidade de crescimento do próprio capital. Na superação das necessidades humanas que sempre foi o motor do desenvolvimento econômico, investir na banalidade associada a necessidade se tornou um grande negócio. Altamente lucrativo. Com um retorno fundamental a vida dos seres humanos envolvidos. Vender sensações juvenis em forma de objeto e serviços para adultos infantilizados.
Recentemente, em um dos meus comentários, falei sobre isso – http://gilsonaguiar.com.br/ter-as-coisas-nao-o-faz-merecedor-dela/ – mostrando o prestígio de quem tem um troféu adquirido no mercado sem ter participado da competição, sem o merecimento. Em muitos casos esta é a sensação que a aquisição de bens e serviços deve passar, a vitória desassociada do mérito.
O protagonismo na particularidade com a multiplicação de plataformas e meios de comunicação acaba por exaltar o ambiente particular. Permite também ao indivíduo se sentir no centro das atenções dos acontecimentos. Ele ganhou um novo olhar em meio a sequência de informações que o acompanham. As coisas parecem querer alcança-lo onde quer que esteja.
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