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Família, conflito e falta de convivência

Quem tem mais de quarenta sempre diz que os pais nos educavam pelo olhar. Não era preciso dizer nada. Conhecíamos o que estava se passando na cabeça dos que nos criaram pela relação próxima que construímos dentro do ambiente doméstico. Vivemos intensamente a sensação de pertencimento familiar desde a hora que acordávamos à que iríamos dormir.

Os rituais de encontro dos membros da família eram constantes. O almoço, o jantar, o final do dia quando nos empilhávamos na sala para ver a televisão e sua programação compartilhada tendo que atender a todos. Não existiam os canais especializados onde cada um assiste em seu quarto o que quer. Era necessário negociar o horário e saber esperar quando o programa preferido fosse passar.

Sim, a especialidade da vida feita de forma personalizada nos deixou intolerantes. Raramente nos encontramos e quando isso ocorre somos estranhos e compartilhamos muito pouco. A família está debaixo do mesmo teto, mas na convive tanto assim. Horários diferentes, comidas prontas, almoços fora, os compromissos diferenciados.

Desta forma, já não dá mais para saber o que o outro pensa somente pelo jeito de andar ou olhar. Não há mais a sintonia dos detalhes e do tempo para falas necessárias. Se perdeu o ritual da convivência. Estamos intermediados por inúmeros objetos e interesses pessoais. O que é comum a todos é raridade e quase sempre não atrai o interesse da maioria.

Logo, minha mãe tem razão, ela não entende o porquê é necessário dialogar tanto para evitar conflitos. É porque os conflitos viraram uma constante e a convivência comum uma raridade. Quando ela ocorre, o entendimento fica mais difícil. Nestas horas, dá saudade dos seres humanos e suas imperfeições e entendemos o quanto a tecnologia eficiente e tão agradável pode nos tornar desumanos.

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