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As terras brasileiras se formaram pelo recorte da colonização portuguesa na América. Marcada por conflitos e diversidades. A economia e o poder iniciaram sua marcha na produção do açúcar e na extração de minérios.
Um país construído pelo Estado. Uma nação multirracial, marcada pela diversidade, construída em conflitos, poderia ter se esfacelado. Mas se manteve na condição em que a colonização portuguesa estabeleceu. Também, pela “batuta” do governo lusitano se constituiu como território nacional. Como pátria, isto é outra história, e longa.
Hoje, debatemos a unidade nacional com naturalidade. Falamos do Brasil com um grande território unificado. Chamamos de “pátria”, aprendemos que sua constituição é um todo contato como uma história linear e que converge nos personagens e fatos que construíram a simbologia nacional. Mas será?
Não questiono a unidade. Não há o que justificar separatismo, somos hoje uma nação. Os elementos de unidade que nos constituíram estão consolidados. Ser brasileiro é uma realidade. Porém, não tão romântica como desenhamos na construção oficial do que nos fez. O amor ao país não se justifica pela fantasia histórica da passividade da nação. A costura da pátria cheia de retalhos se fez um tecido contínuo, extensivo, denso e tenso. A pátria progrediu mesmo assim.
A formação colonial foi recheada de regionalismo. A presença europeia nas américas foi fundada no objetivo na empresa mercantil. A busca do empreendimento econômico que desse sentido a ocupação lusitana trouxe consigo a experiência das formas portuguesas de dominação. Reeditadas e reformuladas para as condições do território colonial. Terras dominadas e colonizadas que se desdobraram além da inicial economia açucareira.
A forma de dominação portuguesa traz consigo o loteamento das capitanias hereditárias sem esquecer que o território fatiado pertence ao rei. Os donatários, capitães hereditários, tem o uso-fruto, mas não a propriedade. Tem a posse para retirar da terra pelo cultivo ou criação tudo o que ela permitisse, mas as riquezas naturais encontradas e extraídas pertenciam ao Estado. Por isso, mesmo com uma aparência de descentralização a dominação do estado monárquico lusitano prevalece. A autoridade do
Governo Geral, criado em 1549, estabelecido em Salvador, resume a mão forte da coroa nas terras dos trópicos, para garantir suas posses.
Os desdobramentos da economia açucareira não foi muito longe das áreas litorâneas. Principalmente do nordeste. A pecuárias, o cacau, o tabaco, as roças de mandioca, de batata doce e de toda a possibilidade de estabelecer uma produção de subsistência que atendesse as áreas da plantation. O restante do território colonial que se estendia além do eixo do açúcar era, definido, como o “quinto dos inferno”. A terra de ninguém. Por isso, a ocupação é feita, em muitas áreas do litoral meridional, ou um pouco além da Serra do Mar, pelos desterrados. Os produtores de subsistência, a ocupação de povoamento que permite a posse, mas não gera a eficiência econômica voltada a integração das práticas mercantis.
A busca pelos metais e pedras preciosas orientou, e muito, as expedições que percorreram áreas do interior ou serras no litoral. As frustrações se multiplicaram ao longo dos séculos XVI e XVII. Há, na busca da riqueza extrativa em pedras e metais, uma prática constante dos desterrados paulistas, os chamados “vicentinos”. Esta é a condição que se “forja” da miscigenação do branco com o indígena, o Bandeirante. O aventureiro, mercenário, inconfiável e conquistador, que desenhou parte considerável das fronteiras do Brasil.
Foi das expedições das bandeiras que a possibilidade do enriquecimento aurífero se constitui. Mais pela ambição, pelo interesse pessoal, do que pela empresa colonial. O bandeirante não é um súdito fiel do rei português, também não é um fiel a colônia. Tem sentimentos pelas terras paulistas, mas o valor maior de seus sentidos é pela aventura. Por isso, o desprendimento e o mercenarismo lhe permitiu ir além. Não faria as viagens, as conquistas, as guerras, as buscas e achados sem o princípio de ter nestas práticas um valor maior marcado pelo desprendimento da busca da riqueza pessoal. A qual, se teve, não soube usá-la. Nenhum bandeirante marcou a história da colônia pela riqueza acumulada e sim pela aventura e conquistas praticadas ao longo de sua existência.
Foram as bandeiras que descobriram ouro em Minas Gerais, e na sequência, em Goiás e Mato Grosso. Foram os paulistas, os vicentinos, que fizeram a colonização marchar para o interior e ocupar as terras do sudeste e centro-oeste. Fazer convergir as diversas áreas do território colonial de pessoas e produtos para as regiões das minas. O Brasil, com a mineração, começa a esticar e ganhar a forma que tem hoje.
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