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Estamos vivendo uma polarização entre duas condições que podem nos sair caras. De um lado há a liberdade, dentro dela o direito a privacidade. Ser livre e escolher requer o direito de ter minhas vontades e desejos respeitados. Para isso, há a necessidade de privacidade. De outro lado há a necessidade de segurança, por consequência o controle.
Nas câmeras de vigilância que se espalham por todos os lados está a demonstração clara do temor que temos a liberdade das pessoas. Elas se tornaram uma ameaça em qualquer lugar que elas estejam.
O que não reparamos é que, sutilmente, estamos propagando com tanta vigilância a cultura do medo. Todo o estranho nos parece um suspeito. Assim, vamos antecipando uma violência que não se justifique em dados concretos. A ameaça que tememos está mais em nossa cabeça do que diante de nossos olhos.
Basta você ligar um aparelho de televisão e assistir aos jornais mais populares e verá o culto a violência. A guerra estabelecida diariamente é propagada como uma realidade próxima a todos os telespectadores.
O que viraliza nas redes sociais é o espetáculo filmado da guerra cotidiana. O agressor e a agressão estão sendo reproduzidos em uma quantidade que nos dá a impressão de uma constante, porém ela é enganosa. O número de filmagens é imenso, mas não é maior que os dados reais da agressão possível.
Por isso, a agressão apresentada tem suas “tintas” carregadas. O impacto visual é maior do que o perigo real. Essa indústria do medo funciona bem. Ela cerca os seres humanos em todos os lugares com suas apresentações reproduzidas nos smartphones.
Na sala de espera do médio, na fila do banco, sentado no ônibus, na praça de alimentação, estamos de olhos atentos as agressões apresentadas, aos espetáculos da violência. A sensação falsa de que o perigo está a nossa volta e ele é mais uma apresentação midiática que uma realidade.
Tudo isso se dá em um ambiente acelerado. Estamos sem tempo para pensar profundamente. Porém, os sentimentos, os “nervos” estão a “flor da pele”. Na relação rápida das coisas que nos cerca somos mais instintivos que racionais. Não há tempo para refletir, apenas reagir.
As informações que nos são apresentadas são curtas, resumidas, fragmentadas e, via de regra, distorcidas. A facilidade para entender opta por sacrificar a legitimidade, a coerência e licitude dos fatos. A preocupação de quem comunica é impressionar mais que informar.
Enfim, parte considerável do que nos rodeia com informação oferecida está comprometia com a forma em detrimento ao conteúdo. O que as pessoas em de critério para tomarem sua decisão são falsas ou meias verdades.
É o mundo da caverna de Platão. Estas sombras que nos rodeia por todas as paredes. Ou, se quisermos dizer que não a Sol lá fora, que tudo neste mundo é caverna, tem gente apagando a luz, evitando que as coisas fiquem às claras. No escuro se manipula melhor o que se vê.
Logo, nossa privacidade está comprometida. Estamos sem tempo de reflexão e conhecimento do real. Estamos a busca constante de uma saída ilusória através de respostas fáceis para problemas difíceis.
A mídia que nos cerca nos cultua valores, entre eles o medo. A violência propagada e distorcida. Este ambiente sugestivo e estimulante de ilusão vai sendo a fonte de orientação para a nossa “compreensão” da realidade.
Argumentos tolos nascem deste ambiente distorcido. Desta forma, se incentiva agredir para conter o agressor. Se estimula o medo e a insegurança. Vamos, desta forma, permitindo que se invada a privacidade e prejulgamos aqueles que desconhecemos.
Desta forma, a sociedade vai ficando mais agressiva e o agente da agressão ainda deseja ser chamado de “cidadão de bem”.
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