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Entre livros e remédios

Temos mais farmácias do que livrarias e bibliotecas. Isto não é um bom sinal. Nos dois lugares há remédios. Em um, é bom falar, a construção permanente da solução em forma de livros, no outro a remediação em frascos e cápsulas da remediação. Assim como em nossos eternos problemas, remediados. Por isso, frequentamos mais um lugar do que outro. Somos mais a dor física do que a angústia intelectual.

Nestes dias de dificuldades, de desemprego, de um país com recessão, o quanto nos falta a formação. Ela está nos livros. Nos remédios das farmácias apenas uma forma de conviver com parte considerável do que a nossa falta de qualidade humana ocasionou ao nosso corpo. Acumulamos os sintomas de uma mente doente em um corpo debilitado.

Enquanto não observarmos que precisamos mudar a lógica, investir na qualidade humana, o cenário não será diferente. Somos nos nossos atos o que pensamos, as escolhas que fazemos. Aquilo que a vida nos conduz são resultado de onde apontamos o leme olhando para o horizonte, se é que a grande maioria de nós percebe que ele existe, um amanhã com suas consequências.

Vamos investir mais em cultura, na qualidade do ser humano. Precisamos construir o futuro, não esperar um milagre ou “grande tacada de sorte” que mudará nossas vidas. Precisamos plantar a vida para não adoecer. Haverá amanhã. E ele tem um preço. Depende do quanto estamos dispostos a investir hoje e saber esperar o tempo certo para colher. O imediatismo destrói, não traz maturidade.

A infantilização da atualidade é um sinal de nossa ausência de ações duradouras. Nossos dilemas são tolices. Largadas na preocupação com o passageiro, o fútil, o fugaz e efêmero. Matamos a nossa existência. Há falta essência para lidar com decisões definitivas. Com isso, vivemos eternamente os mesmos problemas. Ironicamente a espera de um milagre, porém, sem sair da farmácia e sem muito na mente para entender o porquê da nossa doença.

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