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Embriagados pelo consumo

Dia de Black Friday é dia de consumo. Mas o dia também ressalta para muitos a função mais desejada, a de consumir. O sonhos de realizar os nossos desejos, os mais ínfimos. Como criança diante de uma casa de doces. Consumir até se acabar. O limite é a exaustão. Aquele explorador que se vê dentro de uma caverna onde há um imenso tesouro escondido, tanto que não pode levar tudo, mas carrega os bolsos com o que der.

O desejo de ter realizado todos os desejos agora se transforma em sentido de vida, diário. Sempre haverá algo novo que se mostra diante de mim em um encontro inesperado. Agora, neste dia onde o consumo é celebrado, como evitar o desejo? Em todos os lugares não nos deixam esquecer que uma das funções mais prazerosas em nossa existência é o consumo. 

Busca a realização na sensação de utilidade. Antes, em um passado não muito distante, o nosso principal desejo era a produtividade, a busca de um trabalho e salário. A utilidade estava associada a produtividade. Uma função na vida coletiva que nos dava o sentimento e reconhecimento de pertencimento. Hoje este papel se encontra centrado na realização do prazer pessoal pelo consumo.

Nos sentimos funcionais ao estarmos associados a objetos e suas funções. Parte considerável de nosso tempo está jogado na busca de um complemento em forma de coisas. Queremos estar em lugares que possam nos associar a um bem de consumo. Em nossa intimidade, nos sentimos úteis na proporção em que somos desejados com um bem de consumo.

Não por acaso estamos nos mostrando como um desejo de alguém. Universalizam a aparência sem essência na busca de desejos alheios, da mesma forma que os objetos. Nada nos realiza mais do que estar dentro dos padrões sociais de aceitação. A beleza industrial se coloca como um divisor tão forte como identificações de preconceito clássicos como raça e credo. 

Hoje pode ser o dia da redenção. Muitos estarão diante da tentação do desejo incontrolável de uma emoção impulsiva e imediatista. Como um instinto animal vamos nos jogar diante da presa e realizar nossa vontade. Em muitos casos com um arrependimento posterior ou uma sensação de vazio. Este sentimento se resolve com outro desejo, outro consumo e mais uma realização momentânea.

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