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Acredito que educar é resposta, mas não solitária. Desconectar a educação da sociedade que a alimenta é dar a ela uma função “sobrenatural”, a qual ela jamais será capaz de exercer.
A educação tem enfrentado muitos obstáculos, desafios. Um dos quais considero relevante é o consumo desenfreado, na sociedade atual está relacionado cada vez mais com a construção da própria personalidade. Desta forma a infância nunca foi um tempo de formação tão importante como agora. Nela, está se travando uma batalha entre o futuro e o imediato.
O que chamo de futuro é a capacidade de construir um ser humano que projeta seus atos no presente na busca de construir um futuro melhor, para os outros e para si mesmo. Porém há aquele que vive o imediato, onde nada disso importa. Afinal, para esse, “a vida é agora”, como propaga a filosofia do cartão de crédito. Nunca se violentou tanto a filosofia em nome do imediato como agora. Nos livros de “autoajuda” se multiplicam reducionismo de grandes teóricos para garantir todos os direitos ao “EU”.
A ciência tem sido uma arma constante para impulsionar o consumo e lhe dar sentido superficial. Ambientes “mágicos”, carregados de fantasia, tomam nossos olhares e nos carregam de sensações. Parece que as crianças encontram o mundo mágico dos contos de fadas. Porém, este ambiente é arquitetado.
Por isso, a infância tem que ser pensada como um tempo importante de educar. Valorizar a educação básica é fundamental. Dar as crianças um sentido além dos instinto, transformar o ser do futuro através de ações aparentemente simples, mas vitais. Uma delas, é a de estimular as consequências dos atos, perceber a temporalidade da vida e o quanto o que está a nossa volta é feito por muitas mãos. “Nada nasceu do nada”.
Há o autismo como doença, aquela que impede o ser humano de conviver com a sociedade por uma deficiência congênita. Mas há o autismo construído pelas relações sociais, aquele que se educa a não perceber que se faz parte de uma sociedade na qual estamos dependentes e necessitamos entende-la para poder satisfazer nossos interesses preservando a vida em coletividade. Esta síndrome está crescendo e colocando em risco o futuro.
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