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Ninguém nega que há um grande número de pessoas que são marginalizadas no país. Muitas delas vivem condições extremas de miséria. Faltam para muitos saneamento básico, educação e segurança. Ninguém duvida disso.
Evidente e tenho falado muito aqui, que com a pandemia do novo coronavírus ficou mais claro ainda as mazelas do país. Estamos convivendo com a exposição de nossas fragilidades. Grande parte dos nossos problemas hoje são estruturais e históricos. Diante da crise nossa face “nua e crua” está diante de nossos olhos.
Um dos temas centrais da discussão sobre “problema e solução” no país é a educação. Quando o tema é educação pública a questão fica evidente. Parte considerável de nossos alunos estão sem aula desde que a frequência aos espaços escolares foi suspensa. Um terço não tem acesso qualquer a internet. Professores de escolas públicas, que já tem historicamente uma baixa renda, também não estão incluídos digitalmente.
Como resolver esta e tantas outras questões no país?
Vamos começar nossa resposta pelo que funciona. As escolas privadas do ensino fundamental, médio e superior estão conseguindo manter os alunos em contato com conteúdos e atividades escolares. Algumas deram uma lição de como fazer inclusão digital acelerada em milhares de alunos e professores. Gerar uma condição eficiente de educação através de ferramentas para que a relação professor, aluno e conhecimento ocorresse.
A qualificação de professores foi rápida e não menos dolorida, mas deu certo. Meu próprio exemplo serve. Sou um educador formado no mundo analógico onde o quadro negro e o giz sempre foram as minhas principais ferramentas de trabalho. A presencialidade sempre me foi uma zona de conforto, em pouco tempo, menos de dois meses, tive que conhecer inúmeras ferramentas digitais, aplicativos, uma nova linguagem e relação profissional. Sobrevivi.
Por que as escolas públicas não tiveram a mesma realidade?
Ninguém estava preparado para a mudança que ocorreu. O que por si só já é um problema. Poderíamos já ter avançado mais no quesito tecnologia nas escolas. E aqui não estou falando de dar um tablet para cada aluno o colocados na frente de um computador. Ensinar a usar ferramentas digitais. Colocar esta discussão como um tema da educação. A cultura digital veio para ficar e já está conosco bem antes da pandemia. O que ocorreu agora é o fim da nossa “zona de conforto”. Não dá mais para adiar ou ignorar. Quem não tiver acesso vai perder muito da comunicação e da educação.
Se tivéssemos uma gestão mais competente nas escolas públicas e a consciência de que educação é tão primordial como água, esgoto e, agora, inclusão digital, as coisas seriam diferentes. Mas temos que aprender com a dor. E fazer com que este sentimento de exclusão que assombra a educação no país vem de longa data. Já está entre nós há um bom tempo. Ficou mais evidente e se tornou vital resolver.
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