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Dor de calo e ferida

Tem horas que você tem que se livrar, abrir mão, abandonar. Sim, parece difícil, tem perdas, mas os ganhos são maiores.

Você fica naquela angústia e achando que a dor de deixar partir vai te matar, dizer não é um sofrimento, vai machucar. Acredite, a cicatriz é melhor de conviver do que com uma ferida aberta, que cutuca e sangra dia a dia.

Se um dia você já pensou em abandonar alguma coisa, uma relação amorosa, um emprego, deixar de frequentar um grupo de amigos, ou pensou em romper uma amizade, se este pensamento vem com frequência é porque está virando ferida e não demora muito para ela ficar aberta.

Tudo o que machuca aos poucos gera mais dor do que uma pancada forte dada uma única vez.

Logo, muito cuidado com esta mania de ficar suportando, aguentando, achando que dá para levar mais um pouco. Este hábito horrível de se acostumar com a dor. Vamos nos transformando no “tapete” da porta de entrada, sempre a espera de um afago, mas quando vem a presença do outro é para limpar os pés.

E não se esqueça, “afago com os pés cheira chulé e deixa sujeira.

Além do que, você já deve ter ouvido falar que toda a mudança gera incômodos, dificuldade de acomodação e estranhamento. Quando estamos neste processo, confundimos o sentimento de hábito com afeição ou satisfação com previsibilidade. Nestas horas que muitos fraquejam.

Logo, reflita. Não retarde e nem antecipe. O que já “machuca” há muito tempo é sinal de incômodo preocupante. Tem que se resolver. O que já se transformou em ferida, deve-se romper. Logo, não tema, aja, mexa o caldo, rompa com o incômodo.

E se faltar coragem, faça como o conquistador espanhol, Cortez, diante da necessidade de enfrentar os Astecas, para não fugir, “queimou os navios”. Ou seja, eliminar as possibilidades de fuga.

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