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No Brasil há uma carência de mão-de-obra qualificada, isto é fato e já faz tempo. Um tema recorrente. Uma demonstração da fragilidade de uma economia que vive na dependência de outros centros de desenvolvimento e inovação.
A falta de qualificação é uma demonstração clara de limitação para a resposta a problemas e de geração de oportunidades. Não conseguimos superar nossas limitações e ao mesmo tempo a riqueza natural, a energia humana disponível não é usada em todo o seu potencial.
Querer não é saber, mas se tem que aprender.
Um levantamento feito pela Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o Brasil é o terceiro em carência de trabalhadores qualificados. 63% das empresas com mais de 10 trabalhadores têm esta carência.
O país fica atrás apenas do Japão (81%) e da Índia (64%). Lembrando que os nipônicos tem um grau de qualificação técnica com a régua bem mais elevada que a nossa.
Mesmo entre os trabalhadores há uma percepção desta carência. Tanto que, pelo mesmo levantamento, 3 em cada 10 afirmam não se sentirem plenamente qualificados para exercer a atividade que desempenham.
A origem da desqualificação da mão de obra no país está em sua origem e na consolidação de uma prática de utilização imediata do potencial do trabalho. Ao longo do tempo o país escolheu saídas de última hora para organizar a força de trabalho em seu arranjo produtivo.
No final da escravidão se optou pela importação de trabalhadores e a manutenção de práticas de produção que remontavam o tempo da escravidão. Ainda hoje se faz isso. A quantidade de pessoas em atividades de trabalho análogo a escravidão é uma demonstração desta realidade.
Mesmo nos setores industriais, o trabalho braçal e intelectual é usado na medida do que se necessita. As empresas investem na qualificação do que buscam para atender a produção momentânea. Raramente há o treinamento constante e com planejamento de logo prazo.
Quando se fala de mão-de-obra qualificada está se falando de investimento em uma educação eficiente. Em um ser humano com potencial de produção e de valorização. Tolo é quem considera que o ensino técnico e profissionalizante é apartado da educação humana.
Se voltamos a analisar dados que o mercado de trabalho apresenta, perceba a falta de pessoas qualificadas para a convivência dentro do ambiente de trabalho. Falta um ser humano mais humano.
O que estamos vivendo em relação ao mercado de trabalho é, mais uma vez, a consequência de nossa história e de nossos hábitos, de nossos cultos, de nosso desprezo a quem trabalha.
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