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No Paraná diversas cidades estão fazendo um arrastão contra a Dengue. Algumas chegam a punir, multas e até ameaça de prisão, quem deixa de cuidar do quintal ou propriedade de sua responsabilidade e permite a formação de criadouros do mosquito que transmite a doença.
A consciência de cidadãos se transforma em prática e passam a se unir recolhendo entulhos, limpando terrenos baldios, fundos de vales. Retirando objetos acumulados em casas também é uma prática nestes mutirões. Prefeituras estão criando ecopontos para o recolhimento de objetos.
Porque a Dengue se tornou uma ameaça? Nós estamos nos concentrando em centros urbanos com uma população cada vez maior e com uma infraestrutura ainda precária de saneamento. Porém, há um fator importante, o nosso comportamento como consumidores. O que vai para o lixo já foi luxo e fruto dos nossos excessos. Muitos deles expresso em nosso próprio corpo acima do peso e no nosso quintal, carregado de ambientes de resíduos.
Entre a compra e o descarte de um determinado objeto o tempo está cada vez mais curto. A aquisição é excitante na proporção em que o descarte ou a acumulação se transforma em um problema. Aqui entra em cena os acumuladores. Eles se multiplicam. Apegam-se aos objetos por uma carência afetiva. A concentração de coisas lhe preenche o vazio.
Logo, o problema da Dengue está diretamente ligado a sociedade de consumo. A particularização dos interesses dentro de um ambiente em que nossos atos afetam diretamente outras pessoas. É a ação de cada um que pode melhorar e ou piorar a situação.
Certo dia, em um supermercado que faz parte de uma rede de lojas, vi um grande contêiner onde eram depositados “lixo” eletrônico. O que já foi o sonho de consumo de muitos. Computadores, impressoras, teclados e televisores que já foram o sonho de consumo agora são lixo. Assim é a trajetória curta de uma grande quantidade de produtos.
No fundo, todos nós contribuímos para uma multiplicação de objetos. Cada um de nós consome muito mais do que nossos pais e avós. O que se vende para um ser humano hoje em toda a sua vida é dez vezes mais o que era consumido há dez anos. Os resíduos cresce nas regiões de maior consumo. São os nossos luxos que viram lixo.
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