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Democracia além da farda ou do colarinho

O presidente Jair Bolsonaro fez uma troca de ministros. Tirou o general Braga Neto da cidadania e o colocou na Casa Civil, Onix, que ocupava a pasta, vai para o lugar do general. O que isso significa? Muito pouco. Apenas que o presidente tem interesse de fortalecer o chamado espírito de corpo perto de si. Prefere a farda ao terno. 

A busca de manter os militares perto de si tem uma relação com o corporativismo da tropa. Fidelidade ao líder é fundamental em tempos de combate. Ano eleitoral é significado de confronto de interesses de uma guerra de informações. Há interesses eleitorais que podem levar a tentativa de atingir o presidente com críticas, estratégias políticas ou ações de comprometimento. Nestes momentos, os aliados mais fortes são necessários.

Na história brasileira a presença dos militares no poder em um número tão significativo não existia desde o período militar (1964 a 1985). O que não significa uma ditadura ou caminho para o golpe. Desta vez, a farda é escolha do povo e do presidente eleito democraticamente. 

A presença dos militares sempre teve um significado de intervencionismo, abuso do poder, excessos de mando e ameaça de golpe. Não é. O que também não significa que se absolve todos os militares com a mesma generalização que não se pode condená-los. Há “laranjas podres com e sem farda”, civis não são santos. Políticos de terno e de colarinho branco também tem, e muito, atos de corrupção. 

 A conduta ainda é a maneira mais eficiente de se julgar o homem público. Porém, vale lembrar que em uma democracia o começo de qualquer ato irresponsável, equivocado, desastroso no poder, começa com o cidadão, o eleitor. Há o respaldo da sociedade para que um poder se eleve, seja pela intenção ou pela omissão. 

Por isso, antes de se temer ou criticar os atos do presidente, dos ministros, dos parlamentares, é bom conhecer as ações, valores e intenções da sociedade que, democraticamente, faz suas escolhas. 

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