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Da (a)normalidade do tempo

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Importante entender sobre o tempo. Ele percorre nossas vidas ou nós percorremos ele. O tempo é uma destas pragas ou impregnações que não conseguimos escapar sem tê-lo como medida ou sermos medidos por ele. Qual sua idade ou sua maturidade? A primeira questão denuncia o percorrido que nem sempre é acompanhado pela resposta da segunda. Miserável aquele que passa pelo tempo sem vive-lo.

Ao se buscar um enquadramento para podermos definir o nosso papel, fico imaginando como esta folha percorre ao vento suas marcas ou é escrita de forma legível. A vida nos passa, a lembrança nos compromete com uma definição do que deve ficar na memória e ser nossa identidade e o que será consumido pela falta de lembrança ou covardia da memória. Sim, tem muitas coisas que não gostamos de lembrar.

Neste sentido o tempo é senhor ou servo. Quando senhor, imperativo se vê passar sem sentido. Os dias se somam sem que nada se some em nós. O tempo passa sem que percebamos o sabor do que se passou. Nada fica no paladar da memória muitas vezes de boca cheia e vazio de conteúdo. Quando o tempo nos serve, aprendemos a nos alimentar com ele e dele. Deixamos que se denuncie em nós, quando já maduros temos mais convicções e menos ilusões. Erramos menos por termos aceitado os erros.

Não se pode perceber o vazio do tempo. Mas se pode viver a vida com um vazio no estômago ou na mente. A primeira é sinal de dor de coração, a segunda é sinal de dor de consciência. Não podemos viver uma vida bem vivida sem ter sentido as duas faces das decisões erradas ou das consequências dos atos alheios. Não somos o protagonista do nosso tempo. Ele pode nos ser tirado por alguém e pode ter alguém que dê a ele um significado. Tem gente que mata o outro e lhe rouba o tempo de vida e há aqueles que nos ferem de morte e nos acompanham por toda a existência sem estar presentes.

Mas o que deve ficar?

Não acredito no tempo como uma condenação. Sei que o que sabemos é que um dia o tempo aqui se vai. Não sabemos se a história continua em outro lugar. Não é “justo” esperar que exista uma vida após esta ou mesmo um tempo eterno feito de muitas vidas. Precisamos viver este tempo como finito, sem depois. Por mais que ele exista. Não faz bem saber de outra chance ou oportunidade. Ficamos meio desatentos e preguiçosos quando se tem tempo demais.

Se aceitarmos que vida só tem uma, talvez esta vida se encha de significados para que não passe em branco ou nos tornemos um branco na vida. Como é bom ser folha rabiscada que se queira obra de arte. Aquela que a vida sempre trará para alguém que se debruce em seus relatos, fatos ou invenções e se inspire. Aquele tempo vivido que fica registrado, bem ou mal falado, amado ou odiado. Há de se saber que a vida teve significado quando se gera após partir um sabor de saudade ou indignação em alguém que ainda pulsa com nossa presença no estômago ou na memória. Aquela dor de coração que te falei anteriormente.

Por isso, não despreze o tempo. Ele precisa ser respeitado, amado ou odiado, necessita ser vivido. Aquela coisa de gostar do desgosto e amar o oposto correspondido ou não. Tempo que cicatriza as feridas e marca a pele que é porta de entrada do sentimento. Quantas portas fechadas e janelas entreabertas. Mas como deixar a luz entrar sem um raio de sol que corta a lembrança que gera a esperança de um dia se torna a ver. Nem que seja pela janela e suas frestas. Eu olho para o lado e vejo o que quero, o amor. Não é para todos assim.

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