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Cultivamos nossos problemas e soluções

O valor que a cultura tem poucos percebem e muitos não reconhecem. Cultura, a prática de atos constante carregados de valores e que são determinantes para entender ações e lhes dar sentido. O culto, adoração e valorização de algo ou alguma coisa. O cultivar, cuidar, manter, plantar, regar, ver crescer e colher determinadas ações.

Sim, a cultura que se desenvolve no campo ajuda a entender aquela que estabelecemos no dia a dia de nossas vidas. Cultuamos parte considerável dos comportamentos que temos, os que nos fazem bem ou mal. O “campo fértil” para determinadas ações está diretamente ligado a cultura que produzimos todos os dias.

Logo, não há o que se espantar ao vermos ações de agressão que se repetem constantemente. Ficamos admirados e buscando uma lógica para que isso ocorra. A um culto a esta ação. Somos os estimuladores do mal que nos aflige. Cúmplices.

Se observarmos o quanto faz sucesso pessoas que vendem ideias rasas como solução para problemas complexos. O discurso do ódio está disseminado e têm inúmeros adeptos. Não por ser uma verdade entendida de forma lógica. Não por se perceber razão profunda, mas por se ter limitação mental que faz de critérios e análises pobres um argumento aparentemente sustentável.

Nos falta instrução. Falta formação. Não é a escola que permitirá isso. Não são os bancos escolares que fazem o milagre da multiplicação da cultura com mais profundidade e qualidade humana. Não. A escola fica muito pouco tempo com as pessoas e tem pouco significado de valor na existência de que à frequenta.

Cultura é coisa séria. Deveríamos valorizar mais as boas obras culturais. Deveríamos ler mais, frequentar peças teatrais, conhecer o folclore, assistirmos a filmes e escutarmos uma boa canção. Com qualidade, isso é o que importa. Não seria a solução, mas daria a oportunidade de pessoas entenderem que há um mundo que elas desconhecem e que, talvez, precisam conhecer.

Veja um caso que me preocupa…

Me deparei estes dias com um repórter jovem e que em sua abordagem sobre um crime idolatrava o aparato policial e os atos de extermínio que promoveu sobre o que o jovem comunicador chamou de “bandidos e malfeitores”.

Como alguém tão jovem idolatra a violência? Por que idolatramos o extermínio? Que infantilidade separar os seres humanos entre os que são “bons” e os “ruins”. Como se não existisse o erro e a mau intensão nos atos dos que se dizem serem bons.

Cultuamos problemas querendo combatê-los com a mesma prática que o gerou. Acreditamos que a resposta dada da mesma forma será a solução para o que desejamos exterminar. Ninguém se cura da intoxicação tomando veneno.

O jovem repórter em questão tem muitos seguidores. Faz sucesso. Tem seu prestígio construído na fala do óbvio e tendo apoio dos que transformam a medida rasa em profunda por não terem critérios mais qualificados para avaliar os fatos e as informações.

Se considera um sucesso em meio ao culto em terreno fértil de uma violência que acumula problemas e não traz benefício para ninguém. A ironia é que os que defende o extermínio estão mais próximos de serem eliminados pela agressividade que cultuam.

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