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Lá está ele, naquela vida de meio de caminho. Se olha no espelho e se vê com formas quase definitivas, mas, quando mergulha dentro de si há um imenso vazio. Como um prédio bem-acabado na fachada enquanto o interior ainda é carente de cuidado.
Estes adolescentes que se apaixonam por carência e não por mérito. Vivem na intensidade de acreditar. Menos porque a causa merece crédito e mais porque precisam se posicionar no mundo, defender alguma coisa, por mais absurda que seja.
Facilmente manipuláveis, vão à frente de batalha. Se entregam com tal intensidade ao propósito ao que se comprometeram cegamente que são os primeiros a serem abatidos. Frágeis na argumentação e fervorosos na intensidade da luta, se expõe demais, se preservam de menos, tombam em combate.
O que não podemos fazer é livrá-los da luta. Importante entender que precisam enfrentar a frustração, a desilusão. Precisam assumir o arrependimento. Devem marcar a pele com feridas, que cicatrizam, e calos que deixem o que importa ser mais relevante do que aquilo que é irrelevante.
Neste ponto, os adultos são culpados. Evitam a dor para aquele que precisa do sofrimento como condição de consciência humana. Protegem o filho ou filha, menos por amá-los, mais porque não são capazes de suportar a dor de quem não conseguem educar. A experiência paterna ou materna não se dispõe a se expor, prefere proteger se escondendo.
Logo, nossos filhos não são descontrolados, eles são a expressão de nossa fragilidade de admitir que somos humanos e não se pode evitar que o outro assuma sua própria vida. Em parte, não todos, não sofrem das doenças que os rotulamos. Não tem todas estas síndromes que comentamos. Não estão doentes na medida que desejamos.
Sim, há pais que preferem o filho rotulado por uma síndrome para não ter que encarar que há uma falta que a relação com seu rebento gerou. Melhor rotular o monstrinho para se eximir da culpa de ser responsabilizado pela criação do problema. Muitos laudos médicos transferem, desautorizam e autorizam responsabilidades necessárias para a educação.
O Brasil tem 68,6 milhões de crianças e adolescentes, pessoas entre 0 e 19 anos. Eles estão vindo por aí. Você pode não gostar do que está vendo, mas serão o futuro. Vão conviver com pessoas mais velhas, mais tempo do que seus avós conviveram com seus pais. A pergunta é como. Esta relação está sendo feita agora e é bom ficarmos atentos a isso.
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