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Quando a colonização portuguesa se estabeleceu sobre as terras brasileiras o rei estabeleceu suas ordenações. Preocupado que suas leis fossem cumpridas em todos os territórios dominados, Dom Manuel fez publicar suas ordens, as Ordenações Manuelinas.
Formada por cinco livros, as ordenações região todas as relações entre o rei e seus súditos. Mas deixava clara a necessidade de se manter a desigualdade. Afinal, no Séculos XVI, a monarquia teocrática era uma característica dos reis da Europa. A desigualdade neste mundo é uma vontade de Deus. E cada um deveria cumprir seu papel neste mundo permanentemente desigual. Ao rei cabia garantir que a desigualdade se mantivesse, afinal era o guardião dos desejos divinos.
Um dos aspectos que se criou com este ambiente de privilégios para uns e regras e punições excessivas para outros, foi o corporativismo. Alguns grupos privilegiados e que precisavam dos acordos do rei para manter seus interesses, cultuavam a defesa de seus membros e uma união de interesses acima de tudo e todos.
Cada membro de uma casta, se fosse atacado, teria a proteção dos demais, por mais injusto que fosse seu ato. Quando desejavam um determinado objetivo passavam por cima do que fosse para atingi-lo. Logo, o mais importante não era o que deveria ser feito, mas a quem beneficiava o ato.
O privilégio corporativo continua em nossos dias e ainda é o condutor de feitos e desfeitos nesta sociedade. Nas profissões, algumas transformadas em corporações, se tem claro o quanto se defende os interesses por mais torpes que sejam. Entre empresários, advogados, professores, médicos e políticos. Enfim, tudo o que desejar.
E não estou falando da valorização do profissional, da defesa da função exercida. Estou afirmando dos atos ilícitos e práticas ilegais que levam a membros destas corporações a serem questionados e sofrerem processos. Em muitos casos os demais reagem na defesa do ilegal temendo ferir os interesses da corporação.
Reafirmo que não questiono a ética profissional. Por sinal, a clamo. Desejo que ela seja realmente a orientação para os atos daqueles que exercem um determinado cargo de responsabilidade ou assumiu um papel na sociedade que exija ciência, consciência e princípios. Porém, não se pode colocar os interesses da corporação acima disso.
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