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Você pode considerar que o título é exagero, não é. Agora que precisamos enfrentar um inimigo inesperado está exposta todas as nossas limitações. Elas não são poucas. Deixam o “rei nu”, como costumamos falar. A nossa história nos condena e já de sinais.
Muitos estão falando da gripe espanhola, lembrando da desolação que ela provocou no mundo com mais de 50 milhões de mortos. Chegou no Brasil ao final da Primeira Guerra Mundial, de navio. No Brasil morreram 35 mil pessoas. Um país que tinha pouco menos de 29 milhões de habitantes. Estes, mais de 70% na zona rural, condição inversa de nossos dias.
O navio que trouxe a doença vinha da Inglaterra com correspondências. Cartas, muitas delas, vinham como respostas, meses depois de meses. Hoje as coisas são em tempo real. As pessoas se movimentam mais e com uma velocidade intensa. O ambiente em que vivemos hoje tem uma proliferação mais rápida. Porém, a gripe espanhola já denunciava nossa limitação.
O Brasil ficou moderno, mas desprezou a qualificação e concentrou parte considerável dos seres humanos em uma linha de miséria econômica. Qualitativamente limitada a miséria humana ficará exposta e a falta de estrutura crônica e histórica também. Nossos hábitos nos condenam.
Quando ouvimos pessoas falarem de como vai ficar a condição dos mais pobres, a pobreza tem história. Não foi construída agora, é obra de séculos. E se a gripe espanhola é uma referência para o momento, temos que levar em conta que seguimos o caminho oposto para nos salvar em cem anos. Nossos males ainda nos condenam.
Falamos de quem é do grupo de risco, os com mais de 60 anos e aqueles que têm comorbidades, doenças crônicas. Mas a miséria vai mostrar sua cara e dela saíram a maioria dos mortos. Eles estão no risco a mais tempo. Com pouco conhecimento, manipuláveis e descartáveis para a demagogia de quem vê a doença como o nosso maior mal. Ela apenas denuncia quem somos. Quando vamos acertar esta conta?
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