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Neste país existe uma cordialidade, marcada pela mentira constante e com uma relação próxima ao descumprimento do que se espera sem sair da regra. A desobediência e tolerância praticada por todos, desde aqueles que na sua vida cotidiana tem o hábito de não ser coerente e cobrar dos outros a coerência devida. Mas os que não pagam tem o direito de cobrar os que estão devendo?
Um erro não justifica o outro, você pode dizer, desde que o erro não é regra e todos agem esperando ter o direito de cometê-los.
Não por acaso, uma das frases mais comuns diante dos erros cometidos neste país é “Não foi bem isso que eu quis dizer.” Ou sua homóloga, “Não é nada disso que você está pensando!”.
Na política é ato com mentir, por exemplo, e não temer as consequências da mentira. Dizer que não foi bem isso, que a fala está fora de contexto e que o momento era outro. Tudo isso pode ser um bom argumento, mas usado sempre demonstra o hábito do mentiroso.
Lembro, contudo, que o direito a mentira não é ato somente dos homens públicos, é prática cotidiana.
Mentir é fugir da verdade, negar o que se fez é buscar esconder-se de si mesmo. Por isso, somos o alimento de nossas condenações. Criticamos e praticamos sem sentir o peso da incoerência. Como se diz, “o sujo falando do mal lavado”.
Apenas não quero deixar de lembrar que a mentira em circunstâncias específicas não é sinal de má-intenção. Uma mãe elogiar um desenho que a filha ou o filho pequeno fez, mesmo sem entender o que ele expressa, é a busca de estimulá-lo e de que as coisas entre eles não se afetam por isso.
Também, vale ressaltar, na conversa com os amigos, quando um determinado tema ameaça o ambiente e a boa relação, se mente, se esconde a posição ou opinião sobre determinada questão para não perder a amizade, é uma demonstração de valorizar o que interessa e desprezar o que é passageiro. Boas práticas.
A mentira que nos afeta é aquela constante de fugir da responsabilidade. Esta que o amigo responsável e a mãe atenciosa tem e que a maior parte das pessoas nas práticas do dia a dia não tem. Esta, que nos faz sempre repetir os erros e relevar as atitudes contraditórias e as traições que nos custam caro.
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