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Brasil: liberalismo não é tradição

Todo mundo adora um saída fácil. É da natureza das pessoas buscar o caminho mais confortável, mas nem sempre o certo. A oferta de explicação simples sobre a complexidade da vida atrai e, não raramente, nos trai.

O que estamos vivendo hoje é um pouco do simplismo perigoso. Não compreendemos posturas ideológicas e nem políticas econômicas e sociais. Logo, ficamos a mercê da explicação rasa oferecida por meios tendenciosos. É preciso entender melhor esta questão.

O Brasil tem uma história em sua formação de centralização do poder, de intervencionismo estatal. A pátria foi construída pela força do Estado se impondo sobre o território e desenho o mapa político do país. Nossa independência não foi a união de um povo em torno de uma causa. Mas a casualidade do poder monárquico estabelecido que se impõe e autorreconhece o poder da nação. Dom João VI e a transferência da Corte Portuguesa inicia a formação do Estado Nacional.

Ao longo da história, os golpes contínuos no poder faz ascender e decair governos. O mais estável regime e de um governante foi a monarquia. Dom Pedro II, imperador do país entre 1840 a 1889, desejava ser presidente e não monarca. Considerado um dos governantes mais liberais brasileiros, mas sentado no trono.

Não somos uma democracia tradicional, não somos fundados na liberdade de expressão, da livre iniciativa, da propriedade privada. Por sinal, liberdade é algo que assusta muitos neste país. Não por acaso a democracia sempre esteve ameaçada neste país. Ainda está. Muito pela ignorância.

Hoje, o presidente que fez uma campanha em defesa da privatização, do liberalismo econômico, da reforma da previdência e redução do Estado, contraria com ações intervencionistas e prejudica a política econômica do ministro Paulo Guedes. Isto não pode ocorrer.

A reforma da previdência, fundamental para o momento que o país está vivendo, tropeça nas negociações do Congresso, acostumado a articular decisões com benesses. Da esquerda não se pode esperar outra coisa. Saiu do poder e agora faz combate corpo a corpo, linha dura. Mas a confusão entre os que se colocam com apoiadores do governo é ridícula. Fundada em negociada barata e não em um projeto de país.

Explicações simples não resolvem. É preciso um olhar mais atento para entender as deficiências que este país construiu ao longo do tempo e nos corrói. Entre os legados que somos obrigados a conviver, de certa forma o pior deles, é a ignorância. Esta visão limitada que nos impede de ir mais longe.

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