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Quando era jovem o nacionalismo cego gerou falsas verdades. Uma delas está na frase: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. A questão não é tão simples assim. Não é uma questão de amar ou deixar, de querer ou não querer, muitas vezes deixar o país não é trocar por algo melhor e sim viver em uma condição insuportável.
Entre 2010 e 2020 o número de brasileiros que se mudaram para outro país cresceu 35%. Os dados são do Itamaraty. Pulou de 3,1 milhões para 4,2 milhões em dez anos. Segundo especialistas o número pode ser maior. Porque trata daqueles que fizeram seu deslocamento de forma legal. Há um grande número de ilegais que não foram computados.
Nestes dez anos, são os últimos três que demonstraram o maior desejo de mudar. Foram 625 mil pessoas se deslocando. Os EUA foi o destino mais procurado. Só para ser ter uma ideia, a busca de viver nas terras norte-americanas levou 37.421 pessoas a migrarem entre janeiro e junho deste ano. Um aumento de 938%.
A grande maioria opta por sair do país por desesperança no futuro. Não consegue constituir aqui uma vida estável e gerar o mínimo de possibilidade para constituir uma vida com o mínimo de dignidade. Muitos apontam a violência.
O processo de deslocamento tem ficado cada vez mais intenso e conta com empresas especializadas. O processo migratório se tornou uma prática comum, com os mais variados pontos de partida e destino.
Dos brasileiros que estão na Europa ou nos Estados Unidos há a contrapartida da remessa de dólares para o país. Segundo dados do Banco Mundial, entre 2010 e 2020, foram US$ 1,9 bilhão em remessas do exterior que entraram dentro do território nacional enviado por brasileiros.
Antes, os migrantes eram pessoas de baixa renda ou mão de obra especializada que tinha uma oportunidade no exterior. Agora são pessoas de classe média, empresários que vendem seus patrimônios, ou não, e vão morar no exterior. Famílias de profissionais liberais que continuam partindo.
O Brasil precisa ser melhor para os brasileiros. Ter uma perspectiva de futuro. Porém, ironicamente, muito deste futuro tem atravessado a fronteira. Não por falta de amor pelo país, não como uma escolha e sim pela falta dela.
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