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Apedrejando a moral e pondo culpa no santo

Ao longo da história são inúmeros os momentos de crise em que as explicações religiosas ou os atos justificados pela fé são exaltados. Na peste bubônica que assolou a Europa no Século XIV, conhecida como “Peste Negra”, relatos demonstram que era comum associar o mal a um castigo divino.

Se revoltar contra Deus também é prática comum durante os momentos de crise. A perda na fé se associa ao sentimento de abando. Afinal, se exalta o sacrifício de Cristo, mas muita gente não suporta ser humilhado ou “crucificado”.

A religiosidade ajuda a justificar a conduta ou a tentar escapar da culpa, transferir para os outros aquilo que deve ser assumir. Por isso, tanta mentira é antecedida ou legitimada com um “juro por Deus”.

Voltaire, filósofo francês, iluminista do Século XVIII, afirmava que se Deus criou o homem, este lhe pagou com a mesma moeda no dia seguinte. A inversão da lógica da criação a imagem e semelhança. De somos a criatura a imagem e semelhança de Deus, nós fizemos o nosso deus a nossa imagem e semelhança.

Não por acaso, a crítica do pensador francês se dava pelo uso da lógica divina moldada aos interesses dos homens. Como se pudéssemos selecionar quem merece ou não ser salvo. Se é que há salvação?

Diante dos mistérios que não entendemos da criação e o que buscamos entender, vale a lógica do grão de areia e o deserto, a complexidade da existência e do Universo. Dentro desta lógica, a conduta humana.

A associação entre a lógica religiosa e a conduta moral, há os atos de violência. Esta semana duas imagens de santas foram quebradas. Uma em Maringá e outra em Marialva, na Região Noroeste do Paraná. Ficamos perplexos diante do vandalismo, do desrespeito.

Bom, como ficamos então diante dos que citam as Sagradas Escrituras, frequentam templos religiosos, exaltam a divindade pacificadora e justa cotidianamente. Corrompem a ética que juraram cumprir.

Prefiro Voltaire, temos que pensar até onde somos criação e até onde somos criatura. Para quem professa uma religião ou não é sempre bom refletir de que “deus” está se falando. Se é aquele que fala ou o que falamos por ele.


 

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