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Difícil fazer mensagens de fim de ano. Desejar feliz Ano Novo é uma tradição. Então resolvi dividir meu comentário de despedida de 2022 e chegada de 2023 em dois tempos, um hoje e outra amanhã. Assim, haverá tempo para se fazer duas reflexões, o que vivemos e o que vamos viver.
Para falar do que vivemos, este é o tema do comentário de hoje, é bom sempre lembrar de que não há como refazer nada do que foi feito. Não há como apagar. Talvez, e se faz necessário, lembrar que o passado não é algo imóvel. Ele é constantemente transformado na memória. Podemos mudar a consideração sobre os fatos.
Para isso, há duas formas, uma infantil e outra madura.
A infantilidade é aquela que romantiza, é imparcial, deturpa, distorce e força um olhar que nos inocenta. Uma busca de reduzir o peso dos acontecimentos. Fácil de se fazer, difícil de se sustentar. Chamaria de passado dos tolos.
Outra forma é encarar, repensar e deixar o tempo acomodar o significado do que aconteceu. Entender que o futuro cicatriza, não cura feridas, reinterpreta a dor e nos faz melhor. O passado cria calos, nos faz ter “casca grossa” e demonstra que o que vier não será a mesma coisa do que já se foi. Aprendemos a valorizar o necessário e dispensar o superficial.
Quanto temos coisas boas do que passou, temos que dar também um tratamento adequado. A primeira forma é não viver do passado, ficar saudosista, melancólico, considerar que eternizar um momento seria maravilhoso. Sempre é bom lembrar que o valor dos melhores momentos é ter a capacidade de medi-lo exatamente porque ele já se foi. O gosto bom só pode ser sentido quando experimentamos o ruim.
2022 foi um ano das duas coisas, em proporções diferentes, coisas boas e ruins. Aquilo que queremos esquecer e o que desejamos eternamente lembrar. Momentos que desejamos e outros que evitamos. Independente de qual seja a proporção, para mais ou para menos, o que vivemos e como lembramos fará toda a diferença em enfrentar o que virá pela frente.
Feliz 2023!
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