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A mercantilização e desdobramentos em relação comunicação

Das mãos do homem nasce o registro, o pensamento, a mensagem que reflete e é reflexiva.

Johann Gutenberg é o personagem que marca a relação entre a comunicação e o mundo moderno. O ourives de profissão se aventurou na produção de tipos de metal. Uma engenharia complicada, não originalmente sua, contestada, mas que revolucionou a comunicação nos séculos que se seguiram. 

Gutenberg é desses personagens ousados e pouco disciplinados. Porém, inventivo e determinado. Sua intenção era a produção de uma bíblia. Desafiadoramente em alemão. O que levou ao enfrentamento de determinações do clero na Alemanha, parte do poderoso Império Romano-Germânico, governado pelos Habsburgos, fiéis a Igreja Católica, aliados do Papa.

Uma ambiente de incerteza tomava as o território germânico. Johann Huss despontava como um crítico feroz do clero, inspirado em John Wyclif, o teólogo católico inglês. Huss foi executado após um julgamento inquisitório feito pelo clero. O tcheco era considerado um subversivo por questionar a autoridade papal, a imposição das decisões romanas sobre as regiões católicas. Desejava uma igreja mais regional, com língua local, e liberdade de interpretação.

Expor a ideia de produzir uma bíblia em língua alemão poderia agradar a alguns, mas seria uma ousadia diante da autoridade clerical predominante nas diversas províncias germânicas. Ciente desta possibilidade, Gutenberg busca a execução de sua obra se associando a editores responsáveis por financiar a produção (edição) e comercialização da obra. 

Sua primeira obra, produzida em 1445 seria o “Juízo Final”, usando liga de chumbo, estanho e antimônio, iniciando a produção de uma primeira tiragem como ensaio. A falta de recursos lhe limitou a quantidade de obras, mas posteriormente conseguiria editar a Bíblia. Duas colunas com de 42 linhas e mais de 600 páginas. Hoje restam poucos exemplares, apenas 46. O alemão morreu antes de ver sua obra acabada. em 1468. 

A propagação da obra atingiu um grande número de pessoas em pouco tempo. Claro que distante de uma tiragem de massa, muito longe disso. Mas os tipos móveis que se atribui a Gutenberg teriam sido usados na China, no Século XI. Ele não foi o primeiro, mas a sua obra impulsionou um movimento revolucionário na comunicação na Europa ocidental. 

“O mundo muda. A mudança é prenunciada e anunciada. A comunicação tem tudo  com isso. Nela se passa os sinais de novos tempos, se relata a dor do parto e a alegria e esperança do nascimento” (Gilson Aguiar)

No final do Século XIV, a imprensa com tipos móveis de metal já estavam em 247 cidades, somente na Itália, berço da Renascença, eram quase 80. Muitos dos projetos e ideias desenvolvidas durante o Renascimento Cultural foram propagadas com pela imprensa de tipo. As universidades, intelectuais e tratados já empilhavam em bibliotecas um grande número de obras.

A língua nacional ganhava a produção escrita e se propagava rapidamente pelas mais diversas regiões da Europa. Os reinos e monarcas estabeleciam decretos na língua do Estado nacional que já não era mais o latim. Estava minada a autoridade absoluta da Igreja Católica sobre a informação, o conhecimento, a produção literária. A força da racionalidade se desdobraria no comando da vida social. Tudo isso impulsionado pela mercantilização que também atingiu a publicação.

Para isso, é importante entender o Renascimento Cultural, o papel que desempenhou a racionalidade na organização da vida econômica, política e social. A reorganização da mentalidade daqueles que governavam e ou formavam as ações de poder. Sempre é bom lembrar que a grande maioria da população ainda estava distante do acesso à leitura. O analfabetismo predominava em mais de 85% da sociedade. Mas, os quatrocentos anos que se seguiram a Gutenberg mudaria isso. 

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