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A ética que nos falta

Sêneca, filósofo e senador romano, considerava que a ética é condição fundamental para aquele que se propõe a ser um representante público. Para ele, o homem que assume um cargo relevante, de expressão social, deve ter em mente que seu comportamento deve estar acima de seus interesses pessoais. Agir em prol do bem comum.

Da mesma forma, Epicuro, pensador grego, afirmava que a ética é a estética do bom comportamento. Aquele que age deve ser modelo para os demais. Seu comportamento deve traduzir tudo aquilo que a sociedade considera fundamental enquanto valor elevado. O líder, o homem público, deve ser inspiração em sua ação.

Se considerarmos estas duas posições e as utilizarmos para avaliar o comportamento do homem público brasileiro chegaremos a uma determinada conclusão, a política é para uma grande maioria dos homens públicos um ambiente para se fazer. Como afirma Weber, o político profissional que se faz na vida pública.

A ética acaba não sendo prioridade em um ambiente onde o interesse de se manter no poder está sustentado em uma relação de submissão de grande parte da população as decisões do Estado. O mando dos homens públicos no comando da máquina pública sequestra a representatividade como forma de superar permanentemente as dificuldades sociais. Manter a carência para manter a dependência acaba se tornando regra.

Assim, a representação pública no Brasil é construída com a traição aos valores da ética. Não é o bem comum que está acima do interesse pessoal. Aqui, neste caso, a manipulação das necessidades sociais é feita para respaldar a permanência daquele que se interessa em fazer da política um meio de construir um patrimônio pessoal.

Esta dependência parasitária e paralisante de grande parte da população é histórica. Ela persiste. Se traduz como condição para a sustentação de quem está no poder e deseja manter-se. Por isso, a falta de ética de muitos homens públicos é uma parte do que nos condena a submissão e dependência e nos fasta da autonomia e liberdade.

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