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Tem quem se pergunte se devia ter nascido. Outros consideram que o passado é algo a ser condenado. Apontam os erros dos que agiram antes, como observadores que não tem relação com o fato que criticam. A fácil posição do observador que se nega a aceitar que faz parte do que condena.
Quando Cabral desembarcou em Porto Seguro, há mais de 500 anos, o curso da história das terras e das pessoas iniciou uma mudança. O que se aponta como massacre sobre as populações indígenas, o chamado genocídio, coloca o colonizador como um devastador de coisas e pessoas.
Toda e qualquer desgraça que esta terra tenha construído ao longo destes mais de cinco séculos é culpa do homem branco, lusitano, e dos que vieram depois, na busca de riquezas. Coração desalmado e ações impiedosas. Extermínio e escravidão foram as marcas que fizeram o povo, afirma os observadores parciais.
Não se nega, e nem se pode, o extermínio. Foram 5 milhões de almas mortas na ocupação e umas tantas na mesma proporção trazidas como escravas para as terras da América lusitana. Nossa história é marcada por violência, destruição, sangue, morte. Como dizia o poeta chileno, Pablo Neruda, a América foi dominada pela cruz, a fome e a espada.
Contudo, se colocar como crítico do passado sem levar em consideração o contexto que ele ocorreu é um engano. Sem ter a dimensão da condição que se faz escolhas e se dá sentido aos atos. No passado, erros já foram acertos. Nele, verdades e mentiras já definiram o mesmo ato. O bom e o ruim se disse das mesmas pessoas. Assim como em nossa vida.
Assim como em nossa vida, o passado nos condena e ao mesmo tempo nos absolve. Ele, o tempo, e os fatos que o decoram nos fizeram. Somos filhos do que criticamos. O resultado malfeito é o mesmo que condena a feiura de sua origem.
Claro que ao analisarmos os erros que cometemos podemos mudar, e devemos. Mas, se condenar pelo passado como um predestinado ou negá-lo como uma isenção não são soluções. Melhor fazer a reflexão e seguir em frente tomando ciência e gerando consciência. Assim, ser melhor não é uma permanência e sim uma construção recheada de contradições.
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