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A ética, antes de ser um conceito abstrato ou uma norma imposta, é uma escolha. E essa escolha está no cerne da condição humana. Somos os únicos seres vivos capazes de escolher conscientemente. Desde o momento em que adquirimos consciência, temos diante de nós a possibilidade – e a responsabilidade – de decidir.
Essa liberdade não é apenas um direito, mas uma definição de quem somos. Toda escolha é feita a partir de critérios: distinguimos o que é certo ou errado, o que traz benefício ou malefício, o que nos interessa ou prejudica, e quem será afetado. Nossas decisões refletem nossos valores mais profundos e definem a forma como nos posicionamos no mundo. Por isso, a ética está presente em todas as esferas da vida – e as organizações não são exceção.
Cada decisão tomada em um ambiente corporativo carrega consigo uma marca: o valor que guia aquela escolha. Fala-se muito em “resultado” nas empresas, como se fosse um objetivo neutro, quase matemático. Mas é preciso perguntar: que tipo de resultado estamos buscando? E, mais ainda: a que custo?
O resultado pode significar o lucro imediato ou a construção sustentável de um legado. Pode ser o ganho a qualquer preço ou o crescimento que respeita princípios. E é justamente aí que a ética se revela fundamental: o resultado ético é aquele que considera não apenas o que se ganha, mas o que se perde ao longo do caminho.
Não se trata apenas de evitar prejuízos visíveis. A ética exige a ampliação da consciência: quais são as consequências diretas e indiretas das nossas decisões? O que acontece no curto, médio e longo prazo com os envolvidos nas nossas escolhas?
Escolher de forma ética é aceitar que nem todo ganho vale a pena, e que há conquistas que custam caro demais quando medimos seus efeitos sobre pessoas, relações, reputações e valores coletivos. A ética, nesse sentido, é o exercício da responsabilidade – não só pelo que se decide, mas pelo que se desencadeia.
Unir ética e resultado não é uma contradição. Ao contrário, é um desafio essencial para quem deseja uma atuação coerente e transformadora dentro das organizações. Pensar eticamente é considerar não apenas o que queremos alcançar, mas o que pretendemos deixar como consequência de nossas ações.
Cada escolha organizacional revela uma intenção e, com ela, uma identidade. É assim que mostramos ao mundo quem somos e o que valorizamos de fato.
Reflita sobre isso. O verdadeiro legado de uma organização – e de cada um de nós – não está apenas no que conquistamos, mas em como conquistamos.