Arte e Cultura
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É fundamental entendermos que o liberalismo tem aspectos particulares na sua formação. As teses que nasceram da compreensão da racionalidade humana. As quais já estavam sendo debatidas no humanismo e na Renascença. O que chamamos de “modernidade clássica” já apresentava uma busca da compreensão da vida humana pela lógica racional que se inspira na filosofia grega. O ser humano é capaz de entender a si e aos outros e de estabelecer princípios verdadeiros sobre a existência e condução da existência.
Esta busca incessante acaba por significar a tomada do poder na Europa ocidental. A Inglaterra foi o exemplo maior de como a racionalidade inspirou a mudança da justificativa do poder, mesmo sem alterar o regime monárquico parlamentar que ainda sobrevive em solo britânico.
A tradição inglesa, a permanência do monarca e do parlamento colaboram para entender o pensamento de John Locke, o mais celebre dos liberais ingleses. Claro que sem desmerecer a importância de Adam Smith. A liberdade fica no centro das atenções de Locke. Ela é considerada por ele um direito natural do ser humano. Que, por sua vez, é bom por natureza. Ideia que Jean-Jacques Rousseau compartilhou. O ser humano em seu estado natural é bom. O que o corrompe é a sociedade.
Este ser humano livre por natureza deve desenvolver seu potencial. Esta é uma afirmação que os liberais clássicos, de forma geral, defendem. A educação do ser humano para que possa exercer com plenitude sua liberdade estando em sociedade. Sempre lembrando que há uma variável imensa de possibilidades para que a liberdade possa ser exercida. Uma delas é a questão da propriedade.
Será que a liberdade promove a desigualdade? A questão não se responde com facilidade. Hoje temos a desigualdade material entre os seres humanos, mas se estabeleceu a igualdade perante a lei. Se temos as regras, normas, que servem para todos, como podemos considerar que esta igualdade perante as leis não se perca com a desigualdade material?
A esta questão da desigualdade os pensadores liberais terão divergência. Se para Locke, aquele que adquiri seus bens materiais em uma sociedade justa, seguindo as regras estabelecidas e sem ferir a integridade do outro, dever respeitado seu patrimônio. Inclusive para ele, a propriedade é uma condição natural da espécie humana. Ela consciente de si e tem seu corpo com bem inviolável. Se há um pacto estabelecido entre as partes que são dependentes, a propriedade é justa.
Rousseau não considera desta forma a propriedade. Para ele, a desigualdade material é um mal construído pela sociedade. Alguém, de forma egoísta, estabeleceu uma determinada porção de terra como sua. Impedindo que outros tivessem acesso a natureza. Logo, para o pensador francês, a propriedade não é natural, é fruto da discórdia social. Porém, sem poder ser banida, já que se consolidou e agora é determinante na vida dos seres humanos. O que ameniza a desigualdade material é a liberdade individual e os pactos que sociedade permite, com menor interferência possível do Estado.
Assim, o ambiente que levou a Revolução Industrial (1750) permite entender um ambiente social e econômico onde a individualidade será condutora das relações. Os seres humanos estão a busca de satisfação de suas particularidades em uma dependência intensa dos demais elementos sociais. A multiplicação da divisão do trabalho, que Adam Smith trabalha com maestria. Somos dependentes dos outros na proporção em que trocamos necessidades.
O aprimoramento da sociedade de mercado multiplica as redes de produção e troca. Esta é a condição que vivemos hoje. A produção em série de bens e serviços que adquirimos no mercado e do qual estamos envolvidos na vende de nosso trabalho ou na administração dos nossos patrimônios produtivos.
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