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A comunicação acompanha o ser humano desde sua origem. Há uma condição fundamental em que a comunicação se processa quando há o limite da origem da espécie humana. Gestos, gritos, movimentos bruscos, nada diferente do que os animais irracionais fazem. Mas há algo que muda esta condição.
A capacidade de transformação da natureza para superar suas necessidades também altera a condição humana na relação com os outros homens. Não podemos esquecer que para poder garantir a sua sobrevivência há que se desenvolver meios de superação de necessidades e isso não se faz sozinho, eu preciso me comunicar com outros seres humanos para minha sobrevivência material.
Este é um princípio fundamental para a comunicação, a condição de sobrevivência c
oletiva que é típico da espécie, associado a necessidade de comunicação para que se aprimore e se refina as relações sociais. Sem a comunicação não se aprimoraria a condição da vida material.
Mesopotâmicos e egípcios foram os primeiros a desenvolverem uma língua escrita, expressa em desenhos associativos. Cenas que poderia associadas gerarem uma mensagem. Não por acaso a linguagem hoje nada mais é que uma associação de signos e significados aprimorados que tem sua origem na divulgação coletiva de sentido de determinadas simbologias.
A chamada pictografia que nada mais era do que pinturas nas cavernas que permitiram a origem de uma língua comunitária, que poderia ser passada ao longo das gerações e construir uma identidade comum. O estabelecimento de princípios e elementos normativos comuns começa aqui. É na linguagem que se perpetua regras e hábitos que devem ser preservados para a própria manutenção da comunidade e sua garantia de continuidade. Sem a linguagem e a comunicação que lhe deu origem, nada seríamos.
Os egípcios aprimoraram ainda mais a escrita e o próprio uso da linguagem. O que não significa que ela não se desenvolveu paralela e com características distintas em outras partes do mundo. Os hierós-glyphs são a demonstração do aprimoramento da linguagem. Na prática se cria uma estrutura gramatical que poderia gerar elementos comuns de construção de textos com temáticas variadas a partir dos mesmos elementos. Esta condição já com mais de 3 mil anos antes de Cristo.
Importante lembrar que começa com este tipo de linguagem o desprendimento entre o que o objeto desenhado significa e a sonoridade dele expressa. Passa-se, aos poucos, a valorizar a sonoridade em detrimento da simbologia do desenho. Vamos aprendendo a associar a palavra aos símbolos. Manipulamos símbolos para se ter a expressão do que se quer comunicar.
O registro documental passou a ser uma possibilidade com os sumérios, em torno de 3.000 a.C. A produção da escrita cuneiforme, as barras de argila que eram marcadas pelos códigos que produziram textos com os mais variados conteúdos. Secas ao Sol ou em fornos, elas puderam preservar os registros ao longo do tempo. Deram a civilização a perpetuação de sua expressão, garantiram o deslocamento de ordens do poder ao povo. Ordenaram a economia, a sociedade e legitimaram a cultura. Formalizaram os cultos. Tudo graças a comunicação que passa a desenvolver e se desenvolver com os meios.
Sempre é importante lembrar que a comunicação se desenvolve em um meio social com crenças estabelecidas. Uma cadeia de valores onde a comunicação vem complementar esta condição. Este processo é que dá sentido ao que se comunica. Os elementos que estão envolvidos.
Deve-se lembrar que a comunicação tem um emissor e tem um receptor. Eles irão se utilizar das condições possíveis a cada um de troca de mensagem. Aqui entra a condição da forma como a mensagem é passada. Pelo que vimos, a primeira forma de passagem da mensagem foi a gestual. Primárias, ainda. Gestos também se refinam ao longo do tempo. Mas é o corpo quem transmite as primeiras mensagens entre os seres humanos.
Entre o emissor e receptor há a forma de mensagem, como falamos. Ela pode ser corporal, escrita, sonora. A escrita foi a segunda a se desenvolver. Ela não é a mais rápida e eficiente, ainda foi e é a oral que tem um poder maior de atingir o receptor. Por uma questão simples, para a escrita ser acessada há que se ter domínio sobre a língua, saber decodificar os códigos. Se não sei inglês, como ler um texto em inglês.
Vale lembrar da importância que existe na cultura como ambiente de comunicação. Ela é vital na decodificação das mensagens. Porque a comunicação precisa de sentido. A cultura é a cadeia de valores que estabelecemos na forma como colocamos uma ordem de valor naquilo que vivenciamos. Esta cadeia que me predispõe a aceitar, negar ou assimilar determinada mensagem com mais ou menos facilidade, até mesmo rejeitá-la.
Não podemos desprezar a cultura em hipótese nenhuma. Sempre que falamos de comunicação ao longo do tempo há que se entender que sua importância cresce na medida em que a comunicação fica mais complexa e necessita dos valores culturais para uma melhor decodificação, para que mensagem seja entende de uma forma ou outra, mais próxima ou distante da mensagem original.
As pessoas expressam na comunicação muito do que creem. Há na linguagem, seja ela oral, escrita ou corporal muito dos elementos culturais que construímos ao longo do tempo. No poder de usarmos nossa expressão para poder fortalecer ou criticar um determinado valor.
Nas análises históricas estamos sempre dependente destes elementos para não cairmos em contradição na análise dos documentos, no sentido do que os registros expressam, no uso das linguagens, dos meios de comunicação e seu potencial de abrangência. Não se pode comparar o poder de influência do jornal impresso nos séculos XIX e XX com a internet no início do Século XXI.
O que estamos expressando aqui é a questão dos chamados ruídos da comunicação. O quando eles podem diferenciar a mensagem, tirá-la de sua originalidade. Dar-lhe uma condição estranha e de estranheza. Ressignificá-la ao ponto de gerar uma influência ou ação distinta em momentos históricos diferentes.
Os romanos conviveram com inúmeros povos e foram influenciados pelos gregos na concepção de mundo e na forma de organização dos elementos da divindade e racionalidade. Contudo, não se tem em Roma uma reprodução dos valores gregos, e sim uma reinterpretação considerando a própria cultura romana.
Os alemães desenvolveram uma das maiores riquezas culturais da Europa na segunda metade do Século XIX e início do Século XX. Acabaram por promover uma atrocidade usando parte desta simbologia para justificar a tal da “supremacia germânica”. O ambiente em que se desenvolveu o nazismo manipula valores seculares da identidade alemã através da comunicação.
Vale lembrar a importância da propaganda e da publicidade por parte dos elementos de poder para garantir seu interesse e exigir e se impor uma forma da autoridade ser justificada e justificar suas ações. A comunicação se percebe e é usada como instrumento de força fundamental para a manutenção do poder e sua manipulação visando um determinado interesse.
O poder que comunicar ganha e o controle dos meios de comunicação serão alguns dos temas que vamos abordar na análise da história da comunicação. Vamos perceber o poder que o controle dos meios foi ganhando ao longo do tempo e capacidade de submissão que está ligado a eles.
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adorei professor, muito bem explicativo